PARA QUE SAF SE TEMOS XERÉM???

É notória a necessidade de entidades desportivas aderirem a práticas de conformidade e transparência em sua gestão, sendo um tema que ressoa com crescente urgência no cenário esportivo contemporâneo. Essa demanda, longe de ser uma novidade, reflete a busca incessante por uma administração mais ética, responsável e profissional no âmbito do esporte com vistas a alcançar os melhores resultados.

A Tricolor de Coração desde a sua fundação preza por essa condição. Tanto é assim que nos seus credos fundamentais constam como práticas de gestão que se promova uma auditoria permanente e publicada com total transparência, bem como a completa profissionalização dos cargos gerenciais e diretivos.

A importância da conformidade e da transparência manifesta-se em diversos aspectos cruciais, a começar pela construção e manutenção da credibilidade e confiança. A transparência na gestão financeira e administrativa atua como um pilar fundamental para fortalecer a confiança de patrocinadores, investidores, torcedores e demais partes interessadas. Simultaneamente, a conformidade com leis e regulamentos demonstra o compromisso inabalável da entidade com a ética e a integridade.
Entretanto, não se vê muito disso no Fluminense e muito menos quando o assunto é a SAF.
A pressa pela SAF justifica-se apenas por um motivo: – Perpetuação de poder.
Não sendo isso, por que tamanho “desespero”???
O atual mandatário (apoiado desde 2016 pela Tricolor de Coração, a qual vem sendo seu principal grupo político de apoio e base de sustentação) sempre foi contra a SAF, pois não acredita no modelo. Por que mudou de opinião? Nós achamos que, independente do que o “gestor acha” ou não, uma decisão desta magnitude precisa de ampla discussão e debate. Não pode e não vai ser feita de forma açodada em um último ano de mandato por uma ou duas pessoas apenas. A pressa sempre foi e sempre será inimiga da perfeição. O Fluminense não pode mais errar. E estamos aqui vigilantes para impedir qualquer atropelo ou passo em falso.

E vocês, sabem realmente o que é uma SAF?
De acordo com Rodrigo Capelo, a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) é um tipo específico de empresa, criado pelo Congresso Nacional em 06 de agosto de 2021, por meio da Lei 14.193/2021. A legislação estimula que clubes de futebol migrem da associação civil sem fins lucrativos para a empresarial.
Clubes podem ser fundados diretamente com essa estrutura, podem ser convertidos de associação civil para SAF ou podem fazer a cisão de seu departamento de futebol, com a transferência de todos os ativos relacionados à atividade futebolística para a empresa. Uma vez que a companhia é constituída, torna-se possível vender parte majoritária, minoritária ou todo seu capital para um novo proprietário. Ou seja, o Fluminense passaria a ter um DONO. Deste modo, o proprietário passa a ter poder de decisão de maneira definitiva e a priori irreversível. Quem compra parte ou o todo de um clube-empresa só deixará o negócio, salvo em ocasiões extraordinárias, no dia em que vender a sua participação sobre a empresa para outra pessoa, empresa ou fundo. Ou seja, não existe mais a possibilidade de alternância de poder (e eventual correção de rumos) via eleição por força da vontade da torcida e dos sócios.
Não podemos nos esquecer também que as dívidas permanecem com a associação civil, ou seja, não são transferidas para a empresa recém-criada. A SAF se torna responsável por contribuir com o pagamento dessas obrigações, nos limites estabelecidos pela lei e termos contratuais. Ou seja, do jeito que quiser… Lembrando que as únicas possibilidades de veto da instituição perante a SAF são a princípio:
a) mudança de nome;
b) mudança de símbolo, brasão, marca, alcunha, hino e cor; e
c) mudança de sede para outro município.
Quanto a TODO o restante o DONO faz o que quiser e bem entender (inclusive definir que o clube não vai mais disputar títulos, por exemplo, servindo apenas como uma “estufa” de jogadores para fazer negócio e gerar lucro, pois investidor não faz caridade, investe para ter retorno e ganhar mais).

Além disso tudo temos o maior conflito de interesses de todos os tempos, quando se cogita com “naturalidade” o atual presidente ser o futuro CEO da SAF. Ou seja, quem está vendendo ao mesmo tempo está negociando um cargo para si próprio. OI??? Como assim??? O que mais está nas letras miúdas?
Não é ético nem razoável que uma mesma pessoa esteja sentada dos “dois lados da mesa”, pois isso compromete toda e qualquer isenção na busca e negociação de melhores condições para o clube.
Como disse Rica Perrone em seu blog: -“Num país de espertos num mercado onde só se sobrevive por ego ou dinheiro, é mais natural ainda que haja receio. Eu não gostaria que o presidente do meu clube fosse trabalhar na empresa que o comprou. Morreria com a dúvida de ter sido o melhor pro clube ou pra empresa”.
Por essas e outras que existem no mercado boas práticas e implicações com questões éticas a evitar conflitos de interesses, moldando assim um formato de negociação livre de qualquer suspeita. Fato é que quem avalia não pode comprar e quem vende não pode participar com interesse no futuro negócio do comprador. Isso é o básico. E o óbvio ululante como diria Nelson Rodrigues.
Outra pergunta importante: Se o processo de SAF é visando à profissionalização “por que quem compra vai querer os vícios do passado num sistema que em tese nunca funcionou?”
Muitas são as perguntas sem respostas nesse processo obscuro e perigoso. Não é admissível que isso ocorra, não podemos vender uma instituição centenária sem que todas as questões sejam debatidas incansavelmente. Após esse debate interno e geral sim, e somente assim, a SAF poderá ser aprovada ou reprovada pelo seu quadro associativo. Entretanto, sem transparência e sem uma ampla discussão sobre todo o formato e condições negociais, em hipótese alguma.
De acordo com Pedro Trengouse e pautado em uma pesquisa Atlas Intel o Fluminense valeria cerca de pelo menos 15 bilhões de reais devido à propensão de investimento na Bolsa de Valores. Há rumores e notícias recentes de que Naútico e Portuguesa estariam com proposta de 01 bilhão e (obs.: lembrando que as primeiras “cobaias” deste novo modelo que tem pouco mais de 03 anos no mercado foram “doadas” a preço de banana por 400 milhões de reais, casos de Cruzeiro e Botafogo que, no comparativo numérico, valeram menos que um Endrick), com todo respeito a esses clubes, nunca em hipótese alguma se comparam ao Fluminense Football Club.
A forma como a SAF está sendo planejada não nos parece a mais apropriada, seja em virtude de uma eventual subvalorização ou em virtude da venda de 51% do controle acionário.
A SAF não é o único caminho para o Fluminense. Isso precisa ficar bem claro. O discurso messiânico apocalíptico de que só a SAF salva é nefasto, raso e com interesses pessoais envolvidos.
E num mundo hipotético onde todos se tornem SAFs, qual o diferencial ??? Nada faz sentido…
É visível, até insistentemente, como uma lavagem cerebral, esse discurso repetitivo de que só existe o caminho da SAF. O objetivo é assustar a todos e mostrar que se não virar SAF não há futuro para o Fluminense. É a estratégia do medo. Um medo infundado, sem base. Muitas pessoas vêm adotando esse discurso irracional como massa de manobra, sem parar o mínimo para refletir ou raciocinar em busca do que é melhor para o Fluminense diante do nosso caso concreto e realidade.
A Tricolor de Coração jamais irá parar de defender a instituição Fluminense Football Club e vamos provar a todos (com discussão estritamente técnica) que não há necessidade de SAF porque temos Xerém. Com Xerém e gestão profissional, transparente e permanentemente auditada, podemos vencer caminhando com nossas próprias pernas !!!
 
Nossa paixão não está à venda. O Fluminense é de sua torcida e de seus sócios !!!
 
Acompanhem os debates e as SOLUÇÕES propostas por aqui e dediquem tempo para avaliar o assunto que pode definir quem seremos e para onde vamos pelos próximos 123 anos da nossa existência.

Saudações Tricolores de Coração!!!

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