Vergonha
Sentimento da própria honra, dignidade, honestidade; brio.
“o homem que tem v. não age como um crápula”
Fonte: Google.
No último dia 08 de junho tivemos uma reunião emblemática e vergonhosa dentro do Conselho Deliberativo do Fluminense.
Emblemática e vergonhosa por vários motivos, a saber:
Após regularmente convocada para ser realizada de modo correto em dezembro de 2016, numa manobra para dar aparência de cumprimento do estatuto, a reunião de apreciação da prestação de contas de 2016 foi iniciada no último dia de dezembro de 2016 e mantida “em aberto” para que a gestão tivesse tempo de concluir seus trabalhos de contabilidade criativa para transformar deficit de 72 milhões de reais em um superavit de 08 milhões, vindo a ser “continuada” em 08.06.2017 (quase 06 meses depois).
Na prática, a reunião foi totalmente realizada no dia 08.06.2017, eis que os demonstrativos fiscais foram encaminhados aos conselheiros (regra do Estatuto) apenas 15 dias antes e repleto de lacunas, dúvidas e incoerências.
No entanto, na véspera da reunião, todos os conselheiros foram surpreendidos pelo recebimento de comunicado oficial do clube (através de email institucional do presidente do Conselho Deliberativo) com uma carta do ex-presidente Peter Siemsen justificando a péssima gestão do ano de 2016 em virtude da crise econômica do país e “pedindo”, na verdade quase “implorando”, pela aprovação das contas em nome de tudo o que já tinha sido feito…
Mas a prestação de contas é antes de tudo um ato técnico e específico apenas sobre o ano de 2016.
Superada tal introdução explicativa, vamos à VERGONHA dos acontecimentos do próprio dia 08.06.2017.
Pois bem. Mesmo sabendo do clima hostil criado nas redes sociais e embates dentro do clube sobre o tema (motivado também pela demora na solução do caso e na inconsistência de informações), a Tricolor de Coração estava imbuída de atuar, como sempre, com elegância, firmeza e transparência (um dos seus credos fundamentais).
Mas, logo de início, foi debatido se a votação seria secreta ou aberta. Primeira celeuma. E defendemos que a votação deveria ser naquele caso secreta (em caráter excepcional), de forma estratégica sempre visando ao bem do Fluminense, pois informações de bastidores davam conta que vários conselheiros de situação sabiam que o correto a fazer era votar pela não aprovação, mas estavam constrangidos em virtude do posicionamento político de seus grupos, ou seja, somente em uma votação secreta poderiam ter liberdade para fazer o correto de acordo com suas consciências.
Vencido o tema e decidido democraticamente que seria votação aberta, foram iniciados os debates.
Estavam inscritos 16 oradores e os debates fluíam bem até o final da fala do sexto orador – representante da TC – (obs.: apenas um orador havia falado em defesa da aprovação das contas), oportunidade em que foi levantada uma questão de ordem suscitando o artigo 24 do Regimento Interno do Conselho Deliberativo, onde está disposto que após certo número de oradores sobre um mesmo tema o presidente do Conselho Deliberativo pode encerrar os debates e colocar o tema em votação.
Cabe registrar que a partir daquele momento, por total inabilidade e falta de sensatez do presidente do Conselho Deliberativo, a reunião descambou para uma imensa balbúrdia. Isto porque inicialmente o presidente aceitou a questão de ordem, mas depois, após pressionado, voltou atrás e decidiu sozinho que permitiria apenas mais 02 oradores, porém, novamente pressionado, voltou atrás de novo e desta vez firmou posicionamento de que os debates estavam definitivamente encerrados.
No momento que seria iniciada a votação, todos esperavam que a mesma fosse também nominal, pois era impossível ter certeza de que apenas conselheiros estavam no local reservado à votação (Obs.: desde 2011 o clube simplesmente deixou de fazer carteiras específicas para os conselheiros). Sendo importante mencionar que durante a reunião existiam pessoas (inclusive adolescentes) sentadas no local destinado exclusivamente aos conselheiros e que algumas certamente votaram, tornando assim o resultado totalmente carente de credibilidade, legitimidade, legalidade e transparência.
Fato é que o presidente do Conselho, mesmo ciente de que vários não conselheiros estavam presentes, optou de modo totalmente inconsequente, devido às pressões dos conselheiros da situação, por fazer a votação apenas no “olhômetro”, sem sequer se dar ao trabalho de contar voto a voto daqueles que levantaram o braço tanto para a aprovação quanto para a não aprovação das contas.
Não satisfeito com o clima criado (que ele mesmo deu causa), não se fez de rogado e, visivelmente desnorteado, simplesmente abandonou a reunião, deixando a mesma em aberto e obrigando o vice-presidente a encerrá-la.
E é óbvio que, diante de tamanha arbitrariedade e falta de bom senso, houve uma série de protestos tanto de conselheiros quanto de sócios que lá estavam exercendo seus direitos regulares, de acordo com o artigo 6º do Regimento Interno:
Art. 6º – As reuniões poderão ser públicas ou secretas, em parte ou no todo.
- 1º – As sessões públicas poderão ser assistidas por Sócios do FLUMINENSE, só sendo admitidas pessoas estranhas com o consentimento do Presidente do Conselho Deliberativo, mas sempre fora do recinto do Plenário.
Atitude louvável e que deve ser estimulada (ao invés de repreendida) pela gestão, para que haja mais engajamento do quadro social.
Por fim, vale destacar que diante da composição do Conselho Deliberativo (com 90 % dos conselheiros vindos da chapa da situação), a aprovação das contas se mostrava provável, o que denota que as atitudes tomadas ao final da votação têm origem apenas no total desprezo da situação pelos procedimentos democráticos e transparentes. Tivessem sido inteligentes, em mais 15 minutos de votação nominal (que ocorreria sem qualquer tumulto ou protesto) teriam os números exatos da votação e evitariam uma possível judicialização da questão com eventuais pedidos de anulação da reunião.
Importante concluir informando que, apesar de o balanço 2016 do Fluminense ter sido auditado pela renomada empresa Grant Thorton, estranhamente, o auditor responsável diretamente pelo trabalho é o mesmo há exatos 08 anos (o que por regra nunca acontece), muito embora em tal período já tenha mudado de empresa por 04 vezes. Ou seja, temos um “auditor de estimação” e o seguimos por todas as empresas em que ele vai…
A Tricolor de Coração está de olho, vigilante e atuante. Não vamos deixar que façam as coisas em atropelo das regras no clube, que tragam vergonha aos tricolores nem que levem nosso amado Fluminense para o buraco. Lutaremos até o fim. E venceremos, pelo bem do clube.